Imagem via Casa da Pedra na Praia
Nós, aqui da Casa da Praia Tabatinga, concordamos plenamente com os dizeres do texto abaixo:
A obrigação de ser a pessoa mais feliz do mundo
Carnaval é tempo de se mostrar e esbanjar alegria, certo? Nem sempre. Não há nada de errado em optar por se recolher no feriado
Se a Rainha Má da história de Branca de Neve vivesse nos dias de hoje, talvez sua pergunta para o espelho fosse um pouquinho diferente: “Espelho, espelho meu, diga-me se há no mundo pessoa mais feliz do eu”. A felicidade virou quase uma competição: quem está mais animado para as festas, quem se divertiu mais no feriado, quem aparece em mais viagens nos álbuns das redes sociais.
O Carnaval é bastante emblemático neste ponto. Os artistas aparecem sempre sorrindo e cheios de projetos para o futuro. Os festeiros que não têm espaço nos concorridos camarotes dos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro e de São Paulo vão para alguma cidade muito famosa por suas baladas intermináveis.
Com todo este cenário de glamour que a festa inspira, é de se imaginar o que acontece com as pessoas não têm nenhuma viagem marcada e nem eventos para comparecer. Será que todo mundo está se divertindo mais do que você?
Pseudolazer
Não necessariamente. “Há muito apelo para o consumo de bens e para um pseudolazer. Mas a atividade que estou fazendo no meu momento de lazer realmente me dá prazer? É uma pergunta fundamental que todos precisam se fazer. Se alguém vai a uma viagem ou a um evento por obrigação, é preciso parar e pensar se realmente deve continuar assim”, alerta Marlise A. Bassani, professora de psicologia ambiental do programa de estudos pós-graduados em psicologia clínica e do curso de psicologia da Faculdade de Ciências Humanas e da Saúde da PUC de São Paulo.
É preciso aceitar que nem todos precisam expor suas conquistas para serem felizes.“Se uma pessoa não gosta de folia, de bagunça pode ficar bem sozinha lendo um livro ou ouvindo uma música. Se ela está fazendo algo que dê prazer e se foi uma escolha, não tem por que se sentir infeliz vendo as outras pessoas festejando”, afirma a psicóloga e psicoterapeuta Mariah Bressani.
É muito importante que o indivíduo se conheça de verdade. De acordo com Mariah, se perguntarmos para cada um quais são as coisas que realmente importam na sua vida, poucos vão saber responder com sinceridade. A professora Marlise completa: “estamos em constante evolução e crescimento. As pessoas precisam entender que as diferentes fases da vida podem nos apresentam hábitos e perspectivas novas”.
Exposição e redes sociais
Pessoas competem para ver quem tem mais amigos nas redes sociais, postam fotos e mais fotos de uma viagem simplesmente “M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-A” e jamais ficam um sábado à noite em casa de pijama, assistindo qualquer coisa na televisão. Sempre vai rolar uma festa inesquecível. A impressão é que todos vivem 24 horas por dia numa felicidade profunda.
“O ser humano tem algumas necessidades básicas, entre elas estão a de ser especial e a de pertencer. As duas envolvem relacionamento com outras pessoas. O olhar do outro tem muito importância. As redes sociais são uma conseqüência destas vontades dos indivíduos”, analisa Mariah.
Mas todos devem tomar muito cuidado com o que expõem sobre si, lembra Marlise. “Não tem como ter certeza que a informação divulgada hoje não irá causar um constrangimento no futuro”.
Os sites de relacionamento permitem que todos criem um estilo de vida que consideram o melhor e o mais bacana. “Na rede social você quer ser conhecido, quer ser visto. Só que nem sempre como você realmente é. Muitas vezes as pessoas não querem ser vistas como alguém que passa por momentos de tristeza. É como se fosse um personagem. Pode ser uma maneira de pertencer a um determinado grupo”, diz Marlise.
Um dos problemas que interpretar um personagem pode trazer é a obrigação de ter que desempenhá-lo o tempo inteiro. “Mostrar-se sempre bem e feliz acaba sendo obrigatório. Se todos do grupo estão bem e você não, certamente você vai achar que tem algo de errado com a sua vida. Mas as coisas não são tão simples. Todos nós temos momentos de tristeza e decepções”, diz Mariah.
fonte - Por Danielle Nordi, iG São Paulo
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