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Aloha significa muito mais do que "alô" e "adeus" ou "amor", significa compartilhar (alo) com alegria (oha) da energia da vida (ha) no presente (alo)”.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

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Achei muito interessante a entrevista e resolvi transcrevê-la aqui :



A Independência do Brasil formou um novo país, garantiu a nossa soberania e a integridade territorial. Fez também com que tivéssemos uma experiência política parlamentar e de governo que foi importante para o seu desenvolvimento posterior.
Em entrevista ao Conexão Professor, Arno Wehling, Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, reflete sobre estes acontecimentos e fala das conseqüências deste marco para a História de nosso país.
Conexão Professor (CP) - O que de fato representou a Independência do Brasil? O poder não trocou de mãos. Dom Pedro era príncipe e virou imperador. A nossa independência é um mito?
Arno Wehling - A nossa independência não é um mito. É preciso entender que nenhum dos processos de independência da América na virada do século XVIII para o século XIX, a começar pela Revolução Americana, rompeu pela raiz com a herança colonial. Em seu conjunto, foi o amadurecimento político e a força econômica das elites coloniais que conduziram às independências. No caso brasileiro, a este fato acrescentou-se o de que a chefia do movimento coube ao príncipe herdeiro da monarquia, podendo dar a impressão de uma falsa ruptura. Não: o processo aqui foi semelhante aos dos outros países americanos, com a diferença de que a permanência da forma de governo monárquica atuou como catalisadora da unidade nacional, por sua vez uma das preocupações de nossas elites da época. Rompeu-se com a dependência política a um estado europeu, definiu-se uma soberania nacional e criou-se um novo país: nisto consistiu a Independência do Brasil, de modo semelhante ao ocorrido nos Estados Unidos e nos países da América espanhola. Mudar estruturas, como a escravidão ou o latifúndio, e abolir a dependência econômica à Inglaterra, entretanto, ficaria para outros momentos.
CP - Durante anos, se ensinava nas escolas a História do Brasil retratando D. Pedro I como herói. Hoje, vários livros desconstroem a família imperial e contam detalhes de sua vida privada. Quem realmente foi D. Pedro I?
Arno Wehling - Personagens e épocas históricas sofrem permanente revisão em suas imagens, à medida que novas perguntas vão sendo colocadas pelas sucessivas gerações. A mudança no conhecimento histórico é fundamental. Não é de admirar que tal aconteça com D. Pedro I, uma figura realmente rica e paradoxal. Lembremos que ele viveu apenas 36 anos e aos 24 liderou a Independência do Brasil. Liderou dois movimentos constitucionalistas, um no Brasil, outro em Portugal, onde combateu a facção absolutista chefiada pela mãe e pelo irmão. Não era, portanto, adepto do absolutismo, embora fosse pessoalmente autoritário. Pouco culto, era, no entanto, inteligente e sagaz, capaz de discutir princípios políticos e interessar-se por arte e música. Não era timorato como o pai nem erudito como o filho: foi antes de tudo um amante da vida intensa e apaixonada. Um herói, não nacional, mas do perfil romântico: após a declaração de independência, o que fez? Lançou uma proclamação ao povo? Não. Compôs o Hino da Independência. Ao morrer, moço mesmo para a época, a necropsia revelou a intensidade de sua vida: nenhum órgão estava em bom estado.
CP - O que o senhor acha que aconteceria se D. Pedro tivesse deixado o Brasil na ocasião do Dia do Fico?
Arno Wehling - Embora seja impossível afirmar o que poderia ter ocorrido, pode-se conjecturar, pela evolução dos acontecimentos nos últimos anos do governo de D. João VI, que havia a forte possibilidade de fragmentação do Brasil, situação, aliás, sobre a qual se especulava abertamente no governo e nas províncias. A presença de D. Pedro e a permanência de um governo central no Rio de Janeiro foi fundamental para garantir a integridade territorial do país.
CP - Nem sempre se dá o valor à figura de Dona Leopoldina. Qual foi a importância dela para o processo da independência?
Arno Wehling - Dona Leolpoldina, filha do imperador da Áustria, uma das grandes potências conservadoras da época, tinha tudo para ser uma nova Carlota Joaquina em matéria de simpatia pelo absolutismo. Entretanto, embora temesse a anarquia e combatesse o radicalismo revolucionário, percebeu que a independência e a organização de um governo com traços liberais era uma necessidade imperiosa da realidade histórica de sua época. Seu apoio a José Bonifácio na evolução do processo de independência e sua influência junto a D. Pedro para optar pela separação foram muito importantes, bem como seus contatos com o pai e o Ministro Metternich para que este resultado fosse acolhido da melhor maneira possível pelas cortes européias.
CP - Que outras figuras desta época deveriam ter mais destaque nas aulas? José Bonifácio? Chalaça? Carlota Joaquina?
Arno Wehling - O Chalaça foi figura menor, embora sempre um personagem atraente para a anedota histórica, e Carlota Joaquina retirou-se do Brasil em 1821. Já José Bonifacio foi, por diferentes motivos, um grande líder da independência e certamente seu papel como encaminhador da solução política que afinal prevaleceu - independência com regime monárquico constitucional e sistema unitário de poder, que garantisse a submissão das províncias - foi fundamental. Em outros pontos, como nas questões agrária e da escravidão, esteve à frente de sua época, e não logrou o mesmo apoio das elites que conseguiu naquele aspecto.
CP - Quais foram os grandes benefícios deste período para o nosso país?
Arno Wehling - O Brasil imperial garantiu a integridade territorial do país e uma experiência política parlamentar e de governo que foi importante para o seu desenvolvimento posterior. Aos críticos, sobretudo republicanos e positivistas que minimizam a experiência política do Império, tem sido lembrado por historiadores revisionistas que mesmo que esta tenha sido reduzida a um pequeno grupo de eleitores e eleitos, ainda assim existiu e não era muito diferente da que se praticava à mesma época em países europeus, onde também se transitava lentamente do liberalismo à democracia. O acervo negativo é representado, sobretudo, pela demora em resolver o problema da escravidão, que afinal só acabou no ano anterior à derrubada do regime.
CP - E quais os grandes problemas que enfrentamos hoje que vêm daquela época?
Arno Wehling - Há pelo menos três problemas que vêm dessa época, sem que necessariamente sejam responsabilidade daquela forma de governo: o lento desenvolvimento econômico e seu viés excessivamente dependente do Estado; a lenta inclusão social de ex-escravos e da pobreza em geral; e a excessiva centralização político-administrativa, esta sim nascida no Império como forma de combater as tendências federalistas e mesmo separatistas das províncias e que as sucessivas constituições republicanas (à exceção da do Estado Novo, em 1937) procuraram corrigir, com resultados modestos - ainda hoje se legisla com incrível simplismo do Oiapoque ao Chuí, como se as diferenças regionais fossem irrelevantes.
Sobre Arno Wehling:
Professor Titular de Teoria e Metodologia da História da UFRJ. Professor Titular de História do Direito e das Instituições da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) e da Universidade Gama Filho.Chefe do Departamento de História e Decano do Centro de Ciências Humanas da UNIRIO.Diretor do Departamento de História, Decano do Centro de Ciências Sociais, Pró-Reitor de Humanidades e Reitor da Universidade Gama Filho.Membro dos Conselhos Consultivos da Biblioteca do Exército, Fundação Cultural do Exército (Funceb), Confederação Nacional do Comércio e Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN-MinC).Sócio ou acadêmico correspondente de institutos históricos brasileiros, das academias de História da Argentina, Uruguai, Paraguai, Venezuela, Espanha e Portugal e da Academia das Ciências de Lisboa. Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
Autor de cerca de 120 trabalhos em livros, capítulos de obras coletivas e revistas especializadas, inclusive em colaboração com Maria José Wehling. Publicou, entre outros, Administração Portuguesa no Brasil, 1777-1808; Formação do Brasil Colonial; Pensamento Político e Elaboração Constitucional; Estado, História, Memória: Varnhagen e a Construção da Consciência Nacional; Direito e Justiça no Brasil Colonial.



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